14.3.09

vamos?



(foto que o Leco tirou de mim, pulando alto em Rio das Ostras - RJ - no dia que ficou conhecido como "o dia em que Rio das Ostras ganhou mais uma ostra")


Tava saindo da rádio, pronto pra levar uns 40 minutos de chuva no lombo e, no elevador, toca o telefone. “Calu Celu”, aparece escrito nele. “Tô aqui no Gazeta. Quando você sair, passa aqui”.
Coisa mais fácil, impossível: era só atravessar a rua.
Daí, a Calu foi comigo pra casa e a gente foi conversando sobre o Bruno, irmão dela e, consequentemente, meu irmão também. A gente desceu por trás do MASP e veio pela Frei Caneca e veio aqui pra casa. O plano era pegar algum filme, levar pra casa dela e assitir, mas assim que ela pegou pra checar os e-mails dela, eu me botei a arrumar a estante de livros e, quando a gente foi ver, já era quase meia noite.
Resolvi dar uma passada nas gravações do ensaio de quinta com o Terremoto Torquemada, que foi excepcional. Começou que liguei pro Igor pra ver se não tinha igrismo¹ no ensaio – e tinha. O puto estava em Minas Gerais e, se eu não tivesse metido na cabeça que seria bom falar com ele pra confirmar, só ficaríamos sabendo disso na hora de botar pra foder. Acabou que, na quinta aparecemos só o Gui, o Murilo e eu. Nem o Manel foi. Por outro lado, o Murilo chamou a batera pra ele, catou a prataria toda do Igor emprestada e ainda trouxe o baixo do Manel pra que eu tocasse. O show² foi do caralho e a gente conseguiu tirar uma pá de música que precisava tirar e rendeu pra caralho. A merda é que a gravação ficou uma bosta porque o microfone abriu o bico com a barulheira que a gente tava fazendo e tem horas que a gente parece uma banda de dub-psicodélico e Deus me livre o que isso significa.
Ouvindo aqui com a Calu, até vieram algumas idéias pra tentar salvar a brincadeira, mas não sei se rola não. Vamos ver.
Só que aí, pouco depois da meia noite, o telefone toca.

Cara: o Leco!

O Leco, o holandês voador, meu amigo querido e parceiro de Ecomotion, liga pra mim e me diz que tá na Augusta e que quer tomar uma cerveja. Estão ele e a esposa, a Andréa, que há muito tempo eu vinha querendo conhecer.
O Leco!
O LECO!!
Fiquei o ano passado todo querendo tomar uma cerveja com ele e nunca dava. Duas vezes a gente combinou, duas vezes eu dei cano, as duas vezes por motivos justos. Mesmo assim, por mais que eu estivesse me sentindo culpado por não ter ido nessas duas vezes, não havia outra pessoa com quem eu desejasse mais dividir uma cerveja.
Bom, pelo menos não havia outra pessoa – em um raio de menos de 400km de casa – com quem eu desejasse mais dividir uma cerveja.
Coisa de meia hora e ele tava aqui. Ligou quando chegou, mas eu tava cheio de coisa na mão e desliguei o telefone por acidente. Não era coisa pra se preocupar. Foi só olhar pela janela e ele já estava saindo do carro. Assobiei e ele olhou pra cima. Berrei que ia descendo, no melhor estilo dos cortiços da Santa Cecília.
Daí, a gente desceu e foi pra pizzaria lá embaixo.
Pedimos pizza, pedimos cerveja e o papo foi embora.
A gente lembrou das merdas que fez no Ecomotion e nem foi proque a gente é nostálgico, mas porque a gente começava a rir e tanto a Calu quanto a Andréa queriam saber o motivo. Aí, a gente contava daquele jeito que a gente conta as coisas – um vai levando a história principal e outro vai dando exemplos e lembrando de detalhes, cada vez mais detalhes.
O Leco é o melhor fotógrafo com quem eu trabalhei. E olha que eu nem trabalhei com ele. A gente só trabalhou junto na mesma pauta, mas, como a gente tava sempre fazendo merda junto, falando merda junto e se metendo em todos os lugares pra onde a gente nunca era chamado, a coisa rendeu.
Tanto que rendeu que a conversa foi produtiva e ainda acho que a gente vai trabalhar junto pra caralho e, na boa, a gente trabalha como se brincasse.
No fim, botaram a gente pra fora da pizzaria quando deu duas horas e, depois da gente ter terminado (terminado?) a conversa em pé na porta de casa, fui a pé com a Calu até a porta do prédio dela.
Quando cheguei aqui tinham quatro carros de polícia parados na porta do prédio e, ao que parece, era um campeonato pra ver quem tinha achado a melhor coxinha nos botecos de São Paulo.
Eu ouvia Batone e queria que você tivesse estado comigo o tempo todo




Notas:
- ¹ “igrismo” – capacidade pra fazer merda própria de Igor Cizauskas.
- ² “show” – por convenção, diz-se que Terremoto Torquemada não ensaia, faz “show”.
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4 comentários:

Joice Viana disse...

Se eu dou um pulo desse eu tenho que aprender a voar bem rápido, porque nadar não sei não. Mas não espalha, é humilhante. Já tentaram me ensinar e eu já me dispus a aprender, mas não rola. Eu sei boiar e evitar a morte iminente, mas minhas habilidades acabam aí.


Que bom que sua noite foi boa, Fê =*

Daniel Rodrigues disse...

Muito legal o texto.. Mas me conta ae, que som é esse, batone??

Abração
Daniel

Calu Baroncelli disse...

fudeu. Agora toda vez que olho para um prédio de uns dez andares, vejo um navio e um velhinho pulando de lá :) um navio a la "triplettes de belleville"

Batone disse...

Oh amigo, obrigado pela citação, legais as histórias, li algumas, turminha boa essa...