23.10.08

1978

minha mãe me pergunta porque eu não brinco mais com o zoológico de brinquedo que ganhei no meu aniversário de cinco anos. Respondo que cansei de brincarcom zoo de brinquedo e que, agora, quero um zoológico de verdade. Ela me pede a lista dos animais que eu quero no meu zoológico de verdade e o primeiro da lista é um hipopótamo.
Na época, a gente morava numa casa alugada na Lins de Vasconcelos, tínhamos uma dálmata chamada Lili e eu me agarrava firmemente à crença que, depois que eu dormia, meus brinquedos brincavam sem mim.
Numa manhã de domingo, minha mãe me pegou pela mão e me levou pra passear no quintal. Com uma latinha de tinta spray azul, ela ia pixando nas paredes do quintal os desenhos dos bichos de meu zoo particular. Começando – evidentemente – pelo hipopótamo.
Depois disso, quando algum amiguinho ia brincarem casa, a segunda coisa que a gente fazia era passear pelo zoo. A primeira – por força das circustâncias – era sempre brincar com a Lili.
A Lili, aliás, cheirou tanto spray naquela manhã que paassou a tarde toda dormindo e, de noite, uivava desesperada para a lua, num cio que não acabava mais.
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