clear field morning blues
Tava pensando em alguma coisa brilhante que até agora não esqueci
– que é pra, quando for tocar com a banda outra vez,
dar um passo atrás antes de dar QUALQUER passo à frente
– e aquela mulher começou a se esfregar em mim.
Ela queria que eu tomasse uma decisão
e eu estava decidido a não foder nem tampouco sair de cima.
Essas eram as duas opções que a gente tinha
enquanto subíamos a consolação no campo limpo
(barra limpa, stewart!).
Na minha frente, tinha um banco, inteiramente vazio.
Inteiramente lavado de vômito também.
Eu não sabia se o banco tava lavado
ou só o chão embaixo dele.
Na real, tava cagando pro vômito.
Tava ouvindo Television e,
como sempre acontece quando eu tô ouvindo Television,
minha cabeça parece que dá um passo atrás
e o corpo assume o comando de tudo e, aí,
tudo fica rápido demais, mas nunca tão rápido que não dê pra acompanhar.
A mulher tem um bebê.
No momento que reparei nisso,
não havia como negar a ela o direito de,
como mãe,
decidir se ia sentar ali mesmo ou não.
De qualquer jeito, era bom avisar:
“- Olha senhora... O banco está sujo de v...”.
Ela já estava sentada,
ajeitando o bebê no colo.
E ele lá, com aqueles lábios de bebê,
naquela boca de bebê clamando,
suplicando,
ansiando por uma mais uma sensação nova.
O sol dessa hora da manhã é claro como um 100%
de um master azul em 100%
na mesa de luz de um teatro fodido.
Num reflexo nítido num vidro que fala de vacina de rubéola,
eu visto roxo e tenho meu lábio superior tão rígido
que partiria uma maçã no meio.
E eu nunca canso se esperar a próxima mágica.
1 comentários:
Seus textos são admiráveis garoto! Parabéns por todos eles.
Ione
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