13.8.08

Quem São Essas Garotas Misteriosas?



Pelamordedeus! Alguém conhece esse sorriso?

(este texto foi escrito para a Coluna do Meio , no Rockwave, em 2001)

Dentre todos os animais que tive a oportunidade de já nascer sendo, infelizmente, só lembro de como é ser um humano.
Faz 28 anos e uns quebradinhos que sou humano e, se por um lado ainda não sei quem culpar por isso, por outro, acumulei um certo número de pequenos mitos pessoais.
Sabe essas coisas que você acredita, pseudo-superstições, que nunca contou pra ninguém?
Então...
É desses pequenos divisores de individualidade que eu estou falando.
Uns deles eu esqueço completamente.
Tem uns vários que eu nem lembro de quando esqueci.
E alguns raros e preciosos mitos que permanecem indeléveis, indiferentes ao tempo que, implacavelmente, tiquetaqueia na sala ao lado.

Um dos meus mitos pessoais mais antigos - e, consequentemente, um dos mais raros e preciosos - é o de que as mudanças estão sempre nas mãos de mulheres.
Sempre que alguma coisa muda radicalmente na minha vida, é uma mulher - e não um marmanjão barbado - que vem me dizer isso.

Superstição?
Pra cacete...
Mas quanto da nossa cultura é baseada em superstição?
Pense nisso depois que disser "saúde" para uma pessoa que acabou de espirrar, ou depois de dizer "isola" e bater três vezes na madeira.
Ou você é daqueles que tem uma cueca/calcinha que é a "que dá sorte"?
Voltemos as mulheres...

O sexo oposto é sempre o melhor dos sexos na hora de dizer "você está certo".
O ego agradece e você, a-hã, balança a cabeça pra cima e pra baixo.

Pois bem...
No começo do ano, trabalhei no Rock In Rio.
Foram duas semanas de trampo exaustivo, ininterrupto e - pode acreditar - divertido pra cacete.
Em duas semanas, rolaram show memoráveis e outros nem tanto.
Coloco o Neil Young em uma ponta e os Peppers na outra.
Rolaram shows que eu até vi, mas prefiro dizer que "olhei para".
Eu olhei para o show de Sandy e Júnior.

Foi naquela noite teen, lembra?
Com todas aquelas bandas que tem nomes diferentes, mas se eu chamar de Backstreet Boys, dá na mesma.
Você sabe de que tipo de banda eu estou falando.
Teve Britney Spears - ufa! - foi bem na hora do meu jantar.

E teve Sandy e Júnior.

Fui lá fazer as fotos do show dos dois, já esperado o pior.

Aquele foi o único dia em que os fotógrafos corriam risco de tomar garrafada de mijo.
No dia seguinte, que tinha o Iron como atração principal, a platéia estava tranqüila e sossegada.
Mas, aquela noite teen, a garrafa cheia de mijo rondava nossos pensamentos como a lembrança de um sonho ruim.
Do palco pra cima, eu não sabia o que esperar.
Sei que, pouco antes do show começar, entrou um enxame de bailarinos que saiu do fundo do palco e, andando como aranha, chegou até a boca de cena para, depois, se esconder sobre a plataforma que se projetava sobre o público.
Ao chegar perto da plataforma, os bailarinos-machos, levavam as bailarinas-fêmeas em suas costas.
Elas ficavam de ponta-cabeça, com as contas contra as costas deles.
Olha a foto lá em cima...
Então...
Assim!

Foi então que uma bailarina - linda de doer nos ossos - bateu os olhos em mim e percebeu que eu me preparava para bater uma foto dela.
Eu, com um olho fechado e outro na máquina, não tive certeza disso.
Achei que tinha visto um sorriso.
Só achei.
"Ainda bem", pensei.
"Esse é aquele tipo de sorriso que encanta a gente de um jeito que só toma sossego depois de fazer besteira".
Como essas besteiras incluem não descansar enquanto não puder dizer ao menos um "oi", achei melhor ignorar e bater a foto assim mesmo.
FLASH!
No piscar da luz do flash, quase tive certeza.
Era aquele sorriso mesmo.
Aquele.
Do tipo que derrete pra depois lamber.
Certeza, absoluta não, mas era o mais próximo que eu poderia chegar disso.

As fotos da Sandy e do Júnior ficaram uma bosta e, como você não me conhece muito bem, é bom que eu explique que isso é o tipo de coisa que me faz voltar pra casa chutando latas e vira latas.
Quando a minha alma estava prestes a ganhar o carimbo que diz "inferno", aquele - aquele - sorriso chegou pra me salvar.
Fotos borradas.
Cabeça do pessoal da segurança.
O carrinho da câmera de TV.
A mão que balança o berço também balançou a câmera.
Iniciar sessão de autoflagelação em dez segundos.
10,
9,
8...
Abortar!

Olha que menina linda...
E que sorriso!...
O sonho de qualquer fotógrafo: eternizar um momento em uma só foto.
É essa foto que ilustra a o texto desta semana.
Preste atenção nela.
Perceba como o sorriso está em todas as partes do rosto e lembra que ela está de ponta cabeça e com o agravante de estar no show de Sandy e Júnior.
Mesmo assim, olha só que sorriso...

Esse é aquele tipo de sorriso que encanta a gente de um jeito que só toma sossego depois de fazer besteira, eu não disse?
Escrever esta coluna foi a besteira que esse sorriso me levou a fazer.
Tenho orgulho dela.
Como eu não pude dizer isso para a portadora do tal sorriso, achei que poderia ser legal colocar aqui mesmo e dizer pro resto do mundo.

Quem sabe ela lê, né?
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3 comentários:

Calu Baroncelli disse...

hahah que ótimo...
mas nada seria mais memorável que uma garrafada de mijo na cabeça da Sandy... hahahhaha

Priscila Freitas disse...

chegou a achar a garota?
hauihauihauia

bjjj

Kakaya disse...

Sorrisão mesmo!