14.7.08

Enfim, Ioná!


Já tinha dado o meu horário e eu continuava lá, sentado na sala de produção vendo um cara chamado Gabriel mexendo no meu computador. Ele mexia por um acesso remoto, lá da central de informática da Band e eu fingia que era eu que mexia o cursor do mouse com a força do pensamento.
Meio dia passou, eu perdi o Praça Ramos e, pior ainda: fiz a cagada de passar o bilhete único na ida. Agora, na volta, tinha que pagar com dinheiro e na carteira me restava só os dois e trinta da passagem. Nada pro metrô. Nada pra recarregar bilhete único e a saída mais sensata seria descer na Paulista com a Consolação e ir andando até o Bradesco mais próximo ver o que me restava na conta.
Foi o que fiz e, nisso, percebi que me restava bem pouco dos recursos do tesouro nacional. Tirei quase tudo que, afinal, era quase nada.
Isso me animou a fazer exercícios.
Ir do começo do fim da Paulista até a Pan não era nada. Quer dizer. Não seria nada se eu não tivesse quase uma hora atrasado. Pareceque é nessas horas que aquelas velhas todas do caminho decidem pender pro seu lado. Parece que é nesse momento que todos os executivos gordos e overnutridos decidem fazer aquelas linhas lerdas e intransponíveis na sua frente. Parece que que é nesse momento que o sinal que devia abrir não abre, que o que devia fechar não fecha e que toda pedra no caminho fica justamente no seu caminho. É nessa hora que você avista aquela menina bonitinha e você até queria saber mais sobre aqueles olhos verdes que sorriem pra você, mas não dá tempo – ela quer andar devagar e você precisa voar.
Aí, do nada, out of the blue, a Ioná em aparece, tentando se desvencilhardos transeuntes slow-motion, um pouco antes de chegar no MASP.
Eu simplesmente não posso deixar passar.
São poucas as pessoas no mundo – nenhuma viva, eu acho – de quem eu sinta mais falta do que da Ioná.
Foi um abraço de mundos aquele.
A gente voltou até a porta da rádio. Tavam lá o Di, o Gu, o Boneti e o Léo, fumando o cigarro na frente do Winston Churchill pra fazer digestão e olhar peitos e bundas na calçada.
Precisava almoçar.
Aquele café tintura que eu tinha feito de manhã estava ameaçando derreter meu intestino por dentro como se fosse cuspe de alien.
Perguntei pra Iô: “Se eu for até lá em cima, bater o cartão e voltar você me espera?”
Ela respondeu, simples: “You know my name”.
Foi um almoço maravilhoso em que a gente falou muito de dias negros mas que, acima de tudo, soube, sem a menor dúvida, que estávamos num dia brilhante.
Rimos da Cintia Fukuda, lembramos a Queda da Bastilha, falamos da diferença entre trabalhar pra viver e trabalhar pra morrer e prometemos apresentar a Bibi pra Vivi e viver pra ver no que dá.
Pode se preparar pra um domingo insano no ibirapuera, Calu.
Avisa a Bagunceira que ela vai conhecer amiguinha nova e vai conhecer também uma macaca que parece gente.

Não tem dias em que a gente tem a nítida sensação de que a vida vale?
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1 comentários:

Calu Baroncelli disse...

Bibi? É a sobrinha ou a Ioná já teve filho também? Enfim, independente disso, é só avisar. A bagunceira vai amar.
Agora ela tem uma meia-irmã. Mas essa não é imaginária não.
A gente junta todas e vê no que dá.
A gente junta todas e vê até onde a gente guenta.
Mas, como tem dias que a vida vale mesmo a pena, até num guentando a gente dá um jeito de guentá.
E guenta, que eu sei.