RECEITA #FAILDERAL
ontem, a claro cortou a net lá em casa. liguei lá e disseram que a manutenção ia até as seis da manhã. fiquei escrevendo sobre buggys, minni-buggys, leopoldos e leopeidos no caderno azul. depois, quando deu duas da manhã, passei a ler “a vida, o universo e tudo mais” até o slartibartfast voltar no meio de um jogo de cricket entre austrália e inglaterra. invejei a descrição que o douglas adams fez de uma tarde de domingo e, passei pela na parte do livro que sonhei que ele dizia pra mim e pra joh, no sonho em que a gente podia voar.
na rua, um caminhão descarregava um tanto de coisas pesadas no estacionamento do lado de casa. era mais de duas horas. conseguia entrar na internet, mas o msn não entrava e nem o google carregava. por isso, não conseguia enviar a declaração do imposto de renda. ainda tava dentro do prazo, então, antes de me forçar a dormir, fui ler as mensagens todas naquela janela do msn que havia ficado aberta desde a semana passada. fiquei com medo de perder tudo, então, crtl + c, crtl + v num .txt e salvei na pasta dela. desliguei o computador. fui dormir e o barulho do povo que descarregava o caminhão não acabava nunca. pensei em regular o despertador, mas imaginei que aquelas porras todas que o caminhão descarregava era pra alguma festa do mackenzie e desencanei. quando eles ligassem o som, era certeza que eu ia acordar. daí, então, era só enviar a declaração. na cama, uma coisa me intrigava – por que caralhos a parte do plano de saúde apitou na hora de salvar? o pensamento groo número um me afligia: “terei errado?”.
foda-se.
não era hora de ver isso.
era hora de dormir.
talvez, sonhar.
acordei hoje de manhã num mundo surpreendentemente silencioso.
a festa do mackenzie deve ser só amanhã.
liguei o computador e resolvi dar uma olhada outra vez na declaração do ir.
tinha botado um zero a mais no plano de saúde e, claro, tava errado.
fui lá, refiz e tudo certo.
certo.
CERTO?!
no final da declaração, tava lá que eu devia uma quantidade x de dinheiros para o governo.
caralho: tudo que eu fiz teve desconto. tudo que eu compro tem imposto. tudo que eu faço tem uma alíquota tal que é pro governo, senão o governo quebra e a gente se fode. o governo não pode quebrar, mas a gente pode, né? eu fui demitido no ano passado, eu paguei minhas contas todas – todas em dia – no ano passado. fiz tudo que eu podia fazer pra não dar problema, mas... e essa agora?
ontem, quando a declaração não subia de jeito nenhum, ficava conversando com a joh e juro: só dei um grito de “VAI, CARALHO!” com o programa da receita federal.
de manhã, quando eu saquei que não tinha jeito, que ia ter que pagar os dinheiros que o governo me condenou a pagar – porque achou que não paguei o bastante – não havia bela que acalmasse a fera.
acho que machuquei minha escrivaninha.
agora, voltando pra lá, vou ver o que houve direito.
sei que entrei no ônibus e acabou a pilha do mp3 e não tinha um lugar vago pra sentar.
na hora de descer, tinha um cara com um pacote – que parecia ser um freezer vertical – atravancava a saída e eu quase joguei os dois – o cara e seu freezer – pro meio da paulista.
sei que tavam filmando uma acão de sei lá o que, com um cara e uma menina, pelados, cobrindo as partes pudentas com papelão e eu passei no meio da filmagem sem me dar conta. e irritado do tipo “não encosta em mim”. sei lá quem tava filmando isso, mas, essas horas, eles devem estar se mijando da cara do ogro que passou pela filmagem com ares que ia arrancar a cabeça de alguém. e é sério: eu ia.
na minha camiseta uma mensagem, que não deixava de ser irônica: “eu não esquento a cabeça”.
foi então que lembrei da gente falando sobre o vídeo de “bittersweet symphony” e das trombadas que o richard ashcroft dá em todo mundo e fui levando todo mundo no peito até a portaria do prédio da rádio.
quando vi que havia entrado no elevador faltando apenas dois minutos pra uma da tarde, o enfezado da paulista respirou, bufou e bateu seu cartão na hora certa.
agora é hora de fazer o caminho de volta pra casa.
desta vez a pé, com pilhas no mp3 e – por deus – com “loco live” dos ramones pra tocar alto no meu ouvido e meter mais napalm pra dentro meu coração envenenado.
e outra coisa: baixei a discografia do OSI (ISO?) e, por uma sorte que o mundo não merecia ter, meu computador do trabalho não descompacta arquivo .rar. senão, bastava uma M16 e dois pentes e todo o povo do standup brasileiro ia virar o povo do layingdownfacingthedirt brasileiro.
(revisão ok: não)
1 comentários:
Tinha que comentar essa foto, que é foda, e até usei no meu flog em 2003 (por aí): ela tá no memorial às vítimas de Oklahoma. Foda. Jesus é emo.
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