quando o carteiro chegou...
quando eu mudei pra casa da represa
demorei pra desfazer algumas caixas.
a minha combalida e remendada mochila
(a preferida, aquela que esteve em tudo
aquela que assistiu todas as aulas que não assisti
aquela que, quando tinha briga no parque,
sempre batia primeiro - portando sempre tijolos de Pessoa)
mofou.
embolorou.
apodreceu.
antes de botar pra lavar,
pendurei ela num arame e deixei
num lugar onde sempre batia sol.
nem lembro de quando lembrei que ela continuava lá,
(deve ter sido coisa de seis meses depois)
mas fui ver, pegar e botar pra lavar...
o que um dia foi motivo de piada
( meus amigos diziam:
"e aí, carteiro? alguma coisa pra mim?")
agora era abrigo de piados.
três pardaizinhos famintos.
nunca mais mexi nela.
mudei pra lá no dia 18 de dezembro de 1995.
esta foto foi tirada nove anos depois .
vinte bilhões de pardais
devem ter saído daí de dentro
e voado pra nunca mais voltar.
0 comentários:
Postar um comentário