A festa é nossa.

um levantamento passo à passo de como foram as festas de aniversário que eu me lembro.

1978 – aniversário de 5 anos
festa no salão de festas do prédio da minha avó Iracema. Eu vestia um macacão tipo John Travolta, branco, com boca de sino e fivelão. Baby-pimp total. Como meu irmão, que faz aniversário dia 19 de agosto, era apenas uma criança de colo, essa foi a primeira festa de que me lembro e também foi uma das poucas festas em família que eu não dividi com ele. O tema do bolo foi os três porquinhos e eu guardei comigo o lobo-mau de enfeite daquele bolo por mais de 15 anos.

1979 – aniversário de 6 anos
Festa na casa antiga da Lins com toda a molecada do Júlio Pereira Lopes. Eu dei piti porque tinha uma daquelas bexigas gigantes cheias de doce dentro e, quando eu estourei, tudo desabou na minha cabeça e um moleque – que eu não sabia quem era – começou a pegar todos os doces e meter nos bolsos.

1980 – aniversário de 7 anos
Memórias parcas. Festa na casa da minha avó Maria. Com três bolos, porque eu faço no dia 20, meu irmão no dia 19 e meu primo, Ivan (o terrível), no dia 21. O que eu lembro é que eu cuspi no bolo na hora de apagar a velinha e o Demétrio não quis comer. Na época, eu estudava no Externato Jardim da Glória e, quando entrei na escola, no dia do meu aniversário eu disse (alto): “Cuidado, pessoal! Agora eu tenho sete anos!”

1985 – aniversário de 12 anos
Festa na casa da minha avó Maria de novo. Dessa vez, cheia de molecada da escola. A gente botou um som velho no quintal e os amigos traziam as fitas. Eu botava um disco da versão disco do Star Wars. O Giancarlo trouxe uma fita com Legião Urbana, Plebe Rude, Capital e Paralamas. O disco que mais tocou foi o ao vivo – cheio de palavrão – do Camisa de Vênus. A gente voltava sempre pra ouvir “Silvia” (ainda mais por que eu era apaixonado por uma Sílvia que não foi na festa) e “My Way”.

1989 – aniversário de 16 anos
Não teve festa. Só o puto do vizinho de frente dizendo que eu tinha matado a tartaruga dele. Meu pai, mais do que prontamente, mandou o sujeito tomar no cu e botou pra correr aos ponta-pés. Pai que é pai sabe o filho que tem. Eu JAMAIS mataria NENHUM animal.

1990 – aniversário de 17 anos
Por pouco não teve festa. A Mariane quis fazer uma festa surpresa, mas eu me recusava a sair de casa. No final, ela teve que dizer “vem pra cá porque tá todo mundo aqui te esperando pra uma festa surpresa”. E eu fui. Fiquei com a Flávia, apaixonado pela Isabel.

1991 – aniversário de 18 anos
Festa no salão da antiga pizzaria Livorno, perto do metrô Ana Rosa. A gente grudou pizza no teto. Embebedamos o Dacyr. Fizemos uma PUTA GUERRA de comida e, de presente, eu ganhei um zippo do povo da escola, mais o “Machine Head” do Deep Purple e uma camisa do Bart Simpson – os Simpsons estavam na primeira temporada no Brasil. O Paulinho voltou alucinando que a mão dele tinha caído no chão, pra fora do carro. O Valeije me levou em casa.

1992 – aniversário de 19 anos
Combinamos de fazer um churrasco na casa lá do Palmeiras e foram Duda, Sidney, Osvaldão, Paulinho, Valeije e Lian. Choveu pra caralho. A gente ficou filmando merda e falando bosta. Foi um dos melhores.


1993 – aniversário de 20 anos
Recém tinha tomado o pé na bunda por parte da Vivi e resolvi fazer a primeira da série de festas no karaokê desafinado. Ela foi, a gente ficou, foi bom e foi ruim. O Paulo levouela pra casa o MP trouxe uma pá de amigo e eu, que tinha voltado a beber com força total, fiquei brincando de quebrar tudo que era de vidro com um caraque eu nem me lembro quem era.


1994 – aniversário de 21 anos – a festa do amor
De todas as festas no Desafinado, essa foi a melhor delas. A melhor. Foi gentede tudo quanto era lado e – pelas minhas contas – passaram por lá coisa de 100 pessoas. Naquele espaço do Desafinado, isso é um milagre. O Léo e eu fizemos um vídeo. Nessa festa, foi um tal de todo mundo ficarcom todo mundo. Eu fiquei com a Lílian, irmã do Lian e ele ficou putíssimo comigo – achou que eu tinha convidado ele só por causa dela. O Ricardo e a Fabi começaram a namorar nessa festa, se casaram – eu fui padrinho – e têm uma filha linda, a Laura.

1995 – aniversário de 22 anos
A festa mais sem noção de todas. Mais uma vez no Desafinado. Outra que também tem em vídeo. No meio dessa festa, a gente parou tudo praver uma luta do Tyson no hotelzinho do lado. No fim, acabou com um bando de bêbado cantando “We Are The World” juntos enquanto o dia clareava lá fora. O Bigode deu cerveja de graça pra todo mundo. Foi a última festa com ele bem.

1996 – aniversário de 23 anos
Era uma festa que tinha tudo pra dar certo. Pelo menos foi uma puta surpresa. O Tony arrumou um lugar pra fazer a festa, montou uma banda pra tocar e eu cantar. SÓ QUE. Com pouco mais de 2 horas de festa a polícia baixou e mandou todo mundo parar, eu não consegui cantar nenhuma música- por pura imperícia – mas até que foi legal quando eu comecei a improvisar uma letra dizendo que a genteia ter que parar a festa porque os filha-das-putas dos vizinhos chamaram a polícia. Eu era a fim da Pri, a Pri foi com o namorado e, meses depois, a gente namorou por quase quatro anos. Como ela faz aniversário em 21 de agosto, os aniversários seguintes foram nossos.

2000 – aniversário de 27 anos (acho)
Última festa no karaokê, última com o Vlad e última com o Bigode. Por causa dessa festa, conheci a a Calu. Porque o Evandro reconheceu o Vlad, me passou o ICQ dele que, por sinal, quem usava era a Calu. Fim de festa no Franz da Pompéia – Valeije, a Má, Samanta e a Lu (que eu infelizmente não vi mais).

2001 – aniversário de 28 anos
Eu disse que aquela tinha sido a última no karaokê? Não foi. Teve essa. Mas festa sem o o Vlad e o Bigode me deu uma tristeza sem tamanho. O bode me fez ir embora da festa. Na época, eu tava com a Renata e achava que ela valia alguma coisa. Dormi na casa dela.

2002 – aniversário de 29 anos
Sem festa. A melhor coisa que me acoonteceu e que é uma coisa de que eu vou me lembrar até o fim da vida é do Rhode tocando “parabéns pra você” no acordeon na frente do INDAC fechado, com todo mundo cantando baixinho e a Camila abraçada comigo.

2003 – aniversário de 30 anos – aniversário reverso
Foi o ano que me deu bode de aniversário. Tava namorando com a Camila e decidi fazer a festa num dia e ninguém podia ir naquele dia. Fiz o seguinte: comprei 100 pirulitos de coração e saí distribuindo como “presente do meu aniversário” e dava parabéns pras pessoas. Eu recomendo que isso a qualquer pessoa – no dia do seu aniversário: dê presentes! No fim de semana, a gente fez um sonzinho lá na casa do Igor e, quando o Felipe tocou “Baby I'm Gonna Leave You” do Led pra que eu cantasse, descobri o que precisava ser feito.
2004 – aniversário de 31 anos
Fiz a festa junto com uma festa pra arrecadar grana pra peça de formatura do Indac. Fiquei a noite toda esperando uma geminiana que não apareceu e me fodi muito dolorosamente. O lado bom é queeu peguei pra discotecarna festa às 3 da manhã e botei o povo pra dançar até a bagaça fechar!

2005 – aniversário de 32 anos.
Festa na casa da Pompéia. Meu primeiro aniversário split com a Rose. Eu faço aniversário no mesmo dia que o Bruno, irmão da Calu e praticamente meu irmão também. Só que, com a Rose, a coisa ainda é pior. Nós dois nascemos no dia 20 de agosto de 1973.


Agora, o aniversário mais Charlie Brown de todos:

Era 1984 e eu estudava no Centro Educacional Júlio Pereira Lopes e meu aniversário caiu numa segunda-feira.
Lá era assim: os pais deixavam o aluno na frente da escola e alguém boatava o aluno pra dentro.
Naquele dia, eu atrasei e, por isso, quando eu cheguei não tinha mais ninguém no longo corredor que levava ao pátio.
Todas as classes estavam no pátio.
E todas as classes estavam – eu não podia acreditar! - cantando “parabéns pra você”.
Eu entrei no pátio em êxtase, quase flutuando, me sentindo o fodão da cocada preta e quando meus olhos se acostumaram com aquela luz toda do pátio, eu percebi.
Não era pra mim.
O professor de educação física fazia aniversário no mesmo dia que eu.
Parabéns, Tio Vladimir.
Parabéns, Brunão
Parabéns, Rose
Parabéns, Larissa Cizauskas
Parabéns ao finado Isaac Hayes
Parabéns, Robert Plant.

A festa é nossa.