23.10.08

1988

como bombei a oitava série em 1987, este foi o ano em que eu soube, pela primeira vez, como era ser um bom aluno. Com tudo que eu estudei pra não ficar de recuperação um ano antes (e nem pude fazer recuperação mesmo – bombei direto), não precisei me preocupar com nada e no terceiro bimestre, já tinha paassado de ano. Foi minha experiência Corinthians na segundona. Por outro lado, bombar me fez bem. Ninguém me conhecia e, você sabe: a coisa mais preciosa que você carrega nessa época da adolescência é a sua reputação. E como eu havia tido um histórico enorme de chorar em momentos críticos, era essa a reputação que eu tinha: de chorão. Foi um alívio pra mim saber que o pessoal com quem eu dividia classe nem sabia disso. Na minha classe, tinha uma menina cujo nome não pode ser mencionado que se apaixonou por mim. Ela era brilhantemente inteligente e era nerd de star wars. Não aceitava ser chamada pelo nome de batismo e só queria que as pessoas se referissem à ela como Steve Michaels. Ela era gordinha, branca, tinha perna mais peluda que eu e pegava minha agenda e escrevia trechos inteiros dos LIVROS do Star Wars que ela sabia de cor. Achava legal aquilo, mas besta que só eu, achava que éramos amiguinhos. Ela não pensava assim. Me entrevistou, não deixava ninguém chegar perto de mim, ameaçou de morte duas amigas minhas, intentou um monte de história pra menininha de quem eu era a fim e, de certa forma, fez com que eu escrevesse minha primeira carta de ódio. E rendeu também minha primeira réplica perfeita. Quando ela disse: “Você podia ter me usado”. E eu respondi “você ia ficar larga em mim”. Montei meu primeiro skate inteiro (shape urgh, eixos truck, rodinha powell-peralta e rolamento NSK) com peças usadas que os meus amigos me davam porque eu passava cola pra eles. E olha: teve uma pá de vagabundo que passou de ano por minha causa. (isso aqui foi em 1988). Foi aí que começamos a beber antes do laboratório e, cheirando à pinga, chamávamos a professora Francisca de “Chica”. Ouvia New Order, Echo & The Bunnymen, The Mission, U2 e uns rockabillys independentes que a Devil Discos vendia. Ouvia Grinders e Kães Vadius. Ao mesmo tempo, sabia que na Inglaterra tinha uma tal de acid-house que tava fazendo sucesso e pedia pras pessoas me trazerem alguma coisa de lá. E tinha a Up&Down e as matinês no Círculo Militar. E o Márcio ainda era vivo e nem tinha matado ninguém. E eu amava o Joy Division e tinha uma bandinha que se reunia no vão livro do Masp e insistia em tirar músicas deles, mas eu nunca acertava o ritmo de nenhuma a não ser “No Love Lost”.
Semana que vem, tem “Control” de graça no vão livre do Masp.
Vinte anos vão parecer 20 minutos.
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5 comentários:

Anônimo disse...

Adoro a forma de como vc se expressa!

^^

Beijos.

Núbia - www.nubibella.com

Lucia Freitas disse...

Grande, Tucori. Lembrei de 1988 em mim... será que escrevo? :D
bj

Anônimo disse...

Não faço idéia do que fazia em 88... provavelmente brincava ainda com uma de minhas Barbies, trocando-lhes as roupas e as cabeças.
Excelente post!
Beijos

Anônimo disse...

http://www.youtube.com/watch?v=OkiZrB_45jQ

Anônimo disse...

Eu nasci em 87 o.O HUAuhauhaUHAHUAHU