8.1.12

taking care of business

sei que eu já contei essa história antes, mas não é todo mundo que pode começar com um lide desses, então, eu aproveito toda oportunidade que posso.

quando os cramps lançaram o big beat from badsville, entrevistei o lux interior por telefone pra falar sobre um show no brasil que jamais aconteceu.

foi uma entrevista que eu comecei errado ou peguei o cara num dia errado e levei uma resposta torta logo na primeira pergunta. e nem perguntei nada demais. só queria saber o que tinha de novo no disco novo e ele me respondeu que não tinha nada, que era só um outro disco da mesma banda.

revendo a história, talvez a resposta nem tenha sido torta. foi apenas honesta. a grande graça em um disco dos cramps é que, de fato, é um disco dos cramps. não tem nada de novo. só músicas novas. e elas são legais porque são dos cramps.

errei de novo quando perguntei o que ele achava do morrissey ter fundado o primeiro fã-clube deles na inglaterra. ele disse que não via nada demais.

de fato: não tem nada demais.

a coisa só foi ficar boa quando eu lembrei da dedicatória do disco, que era pra um tal de ghoulardi. perguntei pra ele quem era o cara e ele salivou, chapiscou com a língua na baba de ficou um tempão falando sobre o ídolo da infância dele, que era uma espécie de zé do caixão, que apresentava um show de TV, lá em cleveland, onde ele cresceu.

daí ficou mais fácil falar com ele sobre todos os psicopatas da história americana, tipo john wayne gacy - que vivia mandando pra ele as pinturas que fazia enquanto esteve no corredor da morte.

quando a entrevista tava quase indo pro saco, um lampejo de qualquer coisa me veio e eu perguntei a ele que, uma vez que os cramps tinham gravado nos estúdios da sun records, gravadora que revelou elvis pro mundo, se ele tinha ouvido alguma história legal das pessoas que trabalhavam lá.

ele disse que sim e contou uma história que ouviu de um velho taxista chamado rooster, que trabalhava lá na época em que deram carta branca pro garotão gravar um disquinho pra mãe dele. diz que a mãe de elvis, dona gladys, era gordinha e, pra emagrecer, tomava uns remédios que, na real, eram pura anfetamina.

rooster conta que elvis fez um acordo com os músicos do estúdio e que, em troca do tempo deles, ia arrumar um punhado dos remedinhos da dona gladys. e foi bem isso que rolou, mas teve um lancezinho que mudou toda a história: os músicos iam gravar umas musiquinhas country idiotas se não tivessem tomado toda a anfetamina ANTES da sessão começar.

quando o som começou a rolar, o bagulho começou a bater e, no que o bagulho foi batendo, os filhos da puta foram tocando cada vez mais rápido, rilhando os dentes e fazendo o som que eles faziam na noite, nos puteiros de memphis. e elvis correndo atrás deles, afinal, aquela chance, até aquele momento, era a última chance.

aí que chegou no estúdio o sam phillips e falou "grava". depois disse "faz de novo". e eles fizeram de novo. e de novo. e de novo. e de novo. e de novo. e de novo.
naquela época, antes de elvis ir pro exército, jerry lee lewis era o diabo e jesus era um arquiteto, antes de seguir carreira como profeta e salvador.

de repente, eu me vi apaixonado pelo mundo e não havia outra coisa que eu quisesse falar a não ser uah-bap-lu-bap-lah-béin-bum.



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