18.8.09

refernando




teve um dia que me aconteceu uma coisa parecida com essa que eu tô sentindo agora.
não sei explicar o que tô sentindo agora, mas talvez consiga explicar o que senti naquele dia.
talvez, por meio daquilo, eu consiga falar
porque, porra!, eu PRECISO falar que o mundo mudou.

foi assim.

eu tava num sonho, mas não sabia que era um sonho.
(é sonho no sentido literal de sonho sim - eu tava dormindo)
era um sonho daqueles bem comuns, tipo “estou olhando pela janela do apartamento tentando achar alguma coisa diferente, mas tudo é igual ”.
era bem um sonho desses e foi por aí que ele me intrigou.
isso gerou um daqueles paradoxos que o cérebro da gente não aceita e acaba fazendo com que a gente acorde.
eu olhava pela janela do apartamento,
sim,
mas não tava tudo igual.
mesmo em sonho, eu sabia disso.

havia um perfume.

perfume de roupa de cama esturricada pela secadora.
roupa de cama de hotel.

é.

tem isso, mas tem mais além disso.
sei bem o que é.

é o perfume.
AQUELE perfume.
aquele,
do envelope vermelho.

ela.

estou na janela do apartamento.
não estou sozinho.
not anymore.

ela estica uma caneca de café pra mim e acende um cigarro.
comenta sobre nossa elegância matinal.
estamos nus.
estamos na janela do apartamento.
sinto o perfume dela e não estou sozinho.
eu estou em casa.
ela é minha casa.

sim.

não estamos nus.
não estamos na janela.
não estamos nem no apartamento.
eu que estou sonhando.
abro os olhos.

era um sonho.
não é legal desmerecer sonhos.
porém não dá pra deixar de dar o devido crédito pra realidade.

quando acordei daquele sonho, ela estava ao meu lado, na cama, já acordada.
tinha estado me olhando dormir.
ela sorria.
ela sorria.
ela
sorria.
acordei do sonho e fui dar direto nos olhos dela, apontados pra mim.
acordei do sonho, um lugar onde eu poderia ter tudo que quisesse e vim pro mundo, ver que tenho mais que jamais sonhei.

quis dizer isso pra ela, mas não sei se consegui.

acredita em mim: a gente fica completamente sem palavras quando acorda de um sonho e saca que a realidade é bem melhor.

é como... despertar do meio dos mortos.

é como aquele primeiro sonho que tive com ela,
em que ela quebrava o vidro que me separava do mundo.

ela me deu o mundo.
só faltava a mim ter olhos pra vê-lo.

reparou o tempo verbal do verbo “faltar”?
a gente que escreve faz isso, às vezes, de se entregar nos tempos verbais.

o mundo mudou.
não.
mudou nada não.
o tempo todo e alá eu esperando a chance de dizer pra ela:
“beibe, o mundo mudou”.

agora que finalmente posso dizer isso, não faz mais sentido dizer.

o mundo já estava mudado antes.
o mundo mudou quando passou a haver ela nele.
e agora ele combina tão bem com o sorriso que ela me deu.

obrigado, beibe.
obrigado por TUDO.
amo você.
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1 comentários:

Gui disse...

Parabéns, Fê! Se rolar festa, me avisa! - se possível, via SMS, pois estou meio fodido de internet.
Abraços, e muita Saúde!