10.10.08

um jogador de quinta




Hoje é quinta. Ao menos, ainda é. Isso se vc quiser ser aquele tipo bobo que, quando passa da meia noite, já chama o dia pelo dia seguinte. Quinta é dia de futebol na Pan. Era dia de “Ay Carmela” até bem pouco tempo atrás e, justamente por não ser mais, achei por bem cogitar a idéia de jogar bola.
Hoje, quando desci no elevador, tinha dois que iam jogar futebol. E foi aí, que eu lembrei. Porque até então, eu nem lembrava que era quinta. Isso por si só já era uma desculpa. Válida até. Só que o Cury tava logo atrás e apitou o lance em cima. “Vai lá ver a quadra”. Eu sabia. Sabia que, se eu fosse ver a quadra e ouvisse o barulho de algo que se assemeljasse com futebol, eu teria duas opções: (1) voltar pra casa com uma crise de abstinência de vida que ia doer até a outra quinta (e na outra quinta, a crise de abstinência de vida já seria um monstro grande demais pra ser domado com uma simples concessãozinha). E (2) eu ia tocar o foda-se e jogar do jeito que eu tava (o que quer dizer de blazer, camisa rosa com a capa do “Alladin Sane”, calça de sarja (iupi! usei “calça de sarja” em um texto!!), tênis de escalar montanha e blazer (e o blazer eu talvez concordasse em tirar – se meu maço ficasse caindo do bolso).
Aí, veio o Cury: “|Eu te empresto tênis, short e camiseta, se você quiser”.
Taí.
Eu queria sim.
Joguei e joguei sem pedir pra sair.
E fiz pior. Falei o tempo todo. Enchi o saco do Fabinho, mas não fiz nenhum gol nele. Aliás, não fiz gol nenhum. Mas, ó: no primeiro lance, eu fiz um corta-luz irrepreensível e o Fernando, que trabalha na Casa do Pão de Queijo, meteu pro gol. O Ariel e eu competíamos pra ver quem tinha o cabelo mais esquisito. A maior parte do tempo, eu joguei no gol. Peguei bola fácil, não levei nenhum frango, peguei algumas bolas difíceis, mas nenhuma impossível.
Ou seja: nada demais.
Ok.
Só que eu não morri.
Isso – só isso – me deixa feliz.
Tudo bem. A última vez que eu joguei numa quadra – o casamento do igor não conta pq foi na praia e pq não era jogo, era “tentativa de suicídio – foi em julho de 2005, com o pessoal da 01 e eu distendi a virilha de um tanto que tive que deixar a minha primeira mudança – que cabia toda numa só mochila (a mesma mochila que foi usada pra carregar meu computador quando assaltaram meu apartamento) – no carro do Alex e fui dormir na casa da Calu. No dia seguinte, eu mal conseguia andar.
Daquele dia pra cá, eu devo ter fumado praticamente meu peso em cigarros e
Esfolei o joelho grande, de um jeito que não pára de sangrar e acho que distendi a virilha outra vez – certos hábitos são difíceis de abandonar.
Sei que a namorada do Zé tirou uma foto do meu estado no fim do jogo.
E, Cury...
Lembra que vc falou que vendia o tênis pra mim por 35 conto?
Considere comprado.
Tem uma superstição que eu odeio contrariar que é a seguinte: se eu sangro em cima de alguma coisa, quero essa coisa pra mim.

(quero só ver amanhã, old man. quero só ver...)



(ops! hoje!)
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1 comentários:

Marie disse...

se eu estou certa, você saiu do trabalho e rolou um futebol violento, e o seu joelho morreu. e se eu estiver certa, eu suponho que você esteja feliz com isso, curtindo um estado de espírito relativamente melhor do que o que você estava da última vez que nos falamos.
é bom pra caralho se sentir assim :)
taí, uma coisa que eu gostaria de sentir agora. sorri um daqueles sorrisos gostosos quando leio alguma coisa boa! :*